Enf.ª Catarina Oliveira

Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica
Internamento de Cirurgia 

A segurança na monitorização hemodinâmica do doente crítico

HPA Magazine 23 // 2025

No âmbito do 1º curso de Mestrado em Enfermagem Médico – Cirúrgica na Área de Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica da Escola Superior de Saúde da Cruz Vermelha Portuguesa de Lisboa (ESSCVP – Lisboa) foi-me proposto a realização de um relatório de estágio em que fosse evidenciado o meu percurso teórico e prático, bem como uma reflexão sobre a apropriação de competências comuns e específicas enquanto enfermeira especialista em enfermagem médico-cirúrgica e mestre em enfermagem. 

Defini que iria trabalhar a temática “A segurança na monitorização hemodinâmica do doente crítico”, essencialmente pelo interesse claro que tenho pela segurança do doente e pela importância e impacto que esta temática tem nos cuidados de saúde, principalmente quando associada com o doente crítico. Relacionar a segurança do doente com a segurança da monitorização hemodinâmica é uma das componentes essenciais no tratamento do doente crítico, precisamente porque a mesma necessita de dispositivos médicos que não só exigem uma correta colocação e mais do que isso, de uma exímia manutenção, para que se previnam danos e não se comprometa a segurança do doente. 
Daí considerar a segurança do doente como uma prioridade nos cuidados de saúde, independentemente em que contexto hospitalar o doente está inserido, pois é uma competência de todos os profissionais de saúde, mas está amplamente descrita na literatura ser uma competência do enfermeiro especialista pelas competências que a Ordem dos Enfermeiros lhe reconhece com esta grau de especialidade. 
A segurança do doente é atualmente um dos conceitos mais importantes para os sistemas de saúde por todo o mundo, pois é um aspeto central e fundamental para a prestação de cuidados de saúde de qualidade. É fundamental referir que a segurança do doente está correlacionada com a qualidade dos cuidados prestados ao doente, por forma a que se prestem cuidados centrados na pessoa e na sua família e que se reduza a ocorrência de danos associados aos cuidados de saúde para um mínimo aceitável. 
A realização deste trabalho foi possível com recurso a uma revisão da literatura através de uma pesquisa exaustiva em bases de dados fidedignas, consulta da legislação em vigor relativamente à temática e também execução de projetos de intervenção profissional em cada campo de estágio por forma a cumprir os pressupostos para a aquisição das competências comuns e específicas do enfermeiro especialista em enfermagem médico cirúrgica na área de especialização à pessoa em situação crítica e mestre em enfermagem. 
Sendo a segurança do doente uma das metas do século XXI nas instituições de saúde, a necessidade que se impõe de praticar cuidados de saúde seguros e de qualidade, implica que sejam tomadas medidas para que indiretamente os profissionais de saúde, em particular os enfermeiros adquiram competências que correspondam às necessidades práticas das instituições de saúde no geral e dos doentes em particular. Atualmente a complexidade dos doentes que recorrem aos hospitais requer que os enfermeiros possuam conhecimento teórico baseado na evidência científica mais atual, com o objetivo de prestar cuidados diferenciados, complexos e direcionados às necessidades do doente e das suas famílias. 

Por esse motivo implementei projetos de estágio centrados nas necessidades doente e da sua família com foco para a prevenção e controlo de infeção, baseado no que está preconizado pela Direção Geral de Saúde quanto aos feixes de intervenções das quatro principais infeções associadas aos cuidados de saúde mais prevalentes nas unidades hospitalares. Foquei-me também em deter conhecimentos quanto à atuação em situações de emergência, exceção e catástrofe através da presença em ações de formação para o efeito, devido à imprevisibilidade de ocorrência destes fenómenos. 
Todo o percurso académico teórico ministrado pela ESSCVP-Lisboa foi fundamental para atuar com conhecimento e destreza nos diversos procedimentos de enfermagem complexos experienciados nos diferentes campos de estágio. A especialização em enfermagem é fundamental, pois permite melhorar a capacidade do enfermeiro em prestar cuidados de saúde seguros e de qualidade aos doentes, o que proporciona satisfação e bem-estar aos doentes e às suas famílias. Por outro lado, a existência de um enfermeiro especialista num serviço de saúde, em particular nesta área de especialidade, reduz as taxas de mortalidade e morbilidade em comparação direta aos cuidados prestados por enfermeiros de cuidados gerais. Estes dados são retirados de um estudo realizado pela Ordem dos Enfermeiros, que conclui que os profissionais a prestar cuidados na sua área de especialidade estão mais despertos para múltiplos acontecimentos nomeadamente antecipação de instabilidade do doente, monitorizações hemodinâmicas avançadas, prevenção e controlo de infeção, vigilância adequada às necessidades do doente e capacidade de resposta em caso de emergência e catástrofe. 
Concluo assim o quão desafiante é a responsabilidade de ser enfermeiro especialista numa altura em que ser enfermeiro é particularmente desafiador, pois todos os dias surgem novas metas, novos conhecimentos e novas necessidades que implicam a procura de mais evidência científica e em tornar-me melhor profissional para mim, para os meus colegas e para todos os doentes que se cruzem no meu caminho.